O dólar voltou a cair frente ao real nesta terça-feira (16), acompanhando o movimento internacional de expectativa em torno das decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil. A desvalorização da moeda norte-americana, que já acumula perdas consecutivas no mercado brasileiro, também tem reflexos diretos no agronegócio, especialmente nos custos de fertilizantes e defensivos agrícolas.
Câmbio acompanha expectativa por decisão do Federal Reserve
Às 9h05, o dólar à vista recuava 0,27%, cotado a R$ 5,3075, enquanto o contrato futuro de primeiro vencimento na B3 cedia 0,26%, a R$ 5,3250. Na véspera, a moeda já havia fechado em queda de 0,61%, a R$ 5,3211, completando quatro sessões seguidas de desvalorização.
O movimento ocorre em meio à expectativa pelo resultado da reunião do Federal Reserve, marcada para esta quarta-feira (17). O mercado projeta um corte de 0,25 ponto percentual nos juros americanos, enquanto, no Brasil, a aposta é de manutenção da Selic em 15% ao ano.
O Banco Central brasileiro, por sua vez, anunciou para hoje leilão de até 40 mil contratos de swap cambial tradicional, com vencimento em outubro de 2025, reforçando a estratégia de gestão da liquidez no mercado de câmbio.
Impactos no agronegócio: insumos mais baratos com dólar abaixo de R$ 5,40
A queda da moeda norte-americana traz alívio direto para os custos de produção agrícola. Segundo o analista de mercado Jeferson Souza, o dólar abaixo de R$ 5,40 favorece a redução dos preços de insumos como fertilizantes e defensivos, já que a maior parte dessas transações ocorre em reais.
No caso do cloreto de potássio, por exemplo, os preços em dólar tiveram leve recuo nos últimos 30 dias, mas em reais a queda foi mais expressiva devido ao câmbio. Essa relação mostra como a valorização do real pode aumentar a margem de rentabilidade dos produtores.
Souza alerta, no entanto, para a importância de o agricultor alinhar a compra de insumos e a venda da produção na mesma moeda, seja em reais ou dólares, como forma de evitar riscos cambiais. Para a safra de soja 2025/26, cerca de 8% das compras de fertilizantes ainda não foram efetivadas, e o volume de defensivos em aberto é ainda maior — cenário que deve movimentar o mercado nas próximas semanas.
Bolsas internacionais seguem em alta à espera da “Superquarta”
Enquanto o câmbio recua, os mercados de ações também refletem o clima de expectativa. Nos Estados Unidos, Wall Street encerrou a segunda-feira (15) em níveis recordes: o Dow Jones avançou 0,11%, o S&P 500 subiu 0,51% e o Nasdaq teve alta de 0,94%, impulsionado por papéis de tecnologia e pelo movimento de Elon Musk ao comprar ações da Tesla.
Na Europa, o índice STOXX 600 subiu 0,42%, com destaque para ganhos em Paris (+0,92%) e Milão (+1,14%). Londres foi a exceção, registrando leve queda de 0,07%. Já na Ásia, os investidores mostraram otimismo com as empresas de tecnologia chinesas, mesmo diante de dados econômicos fracos. O índice Hang Seng, de Hong Kong, atingiu o maior nível em quatro anos, avançando 0,22%.
Economia brasileira mostra sinais positivos com queda do desemprego
No cenário doméstico, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados da Pnad Contínua, apontando que a taxa de desemprego caiu para 5,6% no trimestre encerrado em julho. O resultado reforça a percepção de recuperação gradual do mercado de trabalho, fator que também pode influenciar os próximos passos do Banco Central em relação à Selic.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio