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As Mudanças Climáticas e Seu Impacto no Crédito Agropecuário

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Diante do aumento das ocorrências de Recuperação Judicial entre os produtores de grãos, torna-se crucial discutir o impacto das mudanças climáticas no risco de crédito no agronegócio. Segundo Thiago Gil, Managing Director da Cordiant Capital, a volatilidade na produtividade agrícola, exacerbada por essas mudanças, pode resultar em quebras de safra mais frequentes e severas, afetando diretamente o financiamento do setor.

Nos últimos 25 anos, a produtividade do milho brasileiro apresentou um crescimento linear médio de aproximadamente 0,12 tonelada por hectare ao ano, resultado de avanços (bio)tecnológicos e melhorias nas práticas de cultivo. No entanto, a série histórica indica a ocorrência de duas quebras de safra “anormais”, definidas como quedas superiores a 1,5 desvio-padrão, com uma magnitude média de 17%. A probabilidade de 8% dessas quebras ocorreu nos últimos cinco anos, sugerindo os possíveis efeitos das mudanças climáticas.

Gil utiliza uma simulação de Monte Carlo, abrangendo 1.000 cenários, para projetar a produtividade como uma linha de crescimento sujeita a variações normais e quebras extraordinárias. Nesse modelo, os preços do milho e os custos dos insumos são ajustados conforme as tendências e a volatilidade do mercado, considerando um preço inicial de R$ 1.000 por tonelada e uma dívida teórica de R$ 5.000 por hectare.

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No cenário base, onde a frequência de quebras extraordinárias é de 8% e a intensidade de 17%, a probabilidade de inadimplência (default) é de 26%. Contudo, ao elevar a frequência de quebras para 33% (uma a cada três anos) e aumentar a intensidade para 25%, o risco de inadimplência salta para 34%. Esses dados evidenciam como a distribuição do Valor Presente Líquido (VPL) dos fluxos de caixa se desloca, resultando em um aumento no risco de cauda, ou seja, na possibilidade de resultados negativos extremos.

Fonte: Portal do Agronegócio

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Mercado de feijão mantém preços firmes em outubro com oferta controlada e demanda cautelosa

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Mercado de feijão mantém preços firmes em outubro com oferta controlada e demanda cautelosa

O mercado brasileiro de feijão apresentou comportamento distinto em outubro, com diferenças marcantes entre os tipos carioca e preto. Enquanto o feijão carioca registrou estabilidade com leve tendência de alta, o feijão preto sofreu com liquidez baixa e estoques elevados. As condições de oferta, demanda e clima foram determinantes para o cenário atual, segundo o analista da Safras & Mercado, Evandro Oliveira.

Feijão carioca: equilíbrio tenso com preços sustentados

Após período de liquidez restrita e demanda enfraquecida, o feijão carioca avançou em outubro com uma recuperação técnica consolidada. Segundo Evandro Oliveira, a oferta segue controlada, majoritariamente formada por sobras de armazém e cargas pontuais de Minas Gerais e Goiás, muitas retidas pelos produtores à espera de melhores condições comerciais.

“A disponibilidade atual é formada, em grande parte, por sobras de armazém e cargas pontuais, muitas delas retidas pelos produtores”, afirmou o analista.

A qualidade do produto segue como fator decisivo nas negociações. Enquanto alguns lotes apresentam problemas de umidade e ressecamento, outros, como o tipo Dama, alcançam notas 9 e são altamente demandados por atacadistas e cerealistas, chegando a R$ 320,00/saca, com firmeza nos negócios e baixo risco de queda de preço.

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No varejo, a demanda se manteve seletiva, com compras pontuais. O mercado externo, por sua vez, sustentou os preços, mesmo com volumes limitados de exportação. A combinação de dólar valorizado e oferta controlada contribuiu para manter a estabilidade das cotações, apesar do consumo interno fraco.

Oliveira descreve o cenário como um “equilíbrio tenso: preços firmes, mas giro lento; compradores cautelosos, mas vendedores resistentes em reduzir valores”.

Clima e safra das águas influenciam perspectivas

O clima continuou sendo variável-chave em outubro. Chuvas irregulares, risco de estiagem localizada e frio tardio geraram preocupação sobre a instalação das primeiras lavouras da safra das águas. Combinado ao câmbio firme, esse cenário deve sustentar os preços até dezembro, quando as primeiras colheitas poderão redefinir o equilíbrio de mercado.

Feijão preto enfrenta liquidez baixa e excesso de oferta

Diferente do carioca, o feijão preto manteve liquidez mínima e negociações quase paralisadas. Apesar do suporte cambial e aumento das exportações, o volume embarcado ainda é insuficiente para reduzir o alto nível de estoques internos.

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As cotações ficaram estáveis em termos nominais, com referências FOB entre R$ 137 e R$ 138/saca em praças como Chapecó e Ponta Grossa. Segundo Oliveira, a aparente estabilidade esconde uma pressão moderada de baixa, causada pela ausência de compradores domésticos e lentidão do varejo, que opera com estoques de passagem.

O plantio da primeira safra no Sul avança lentamente devido a frio tardio, períodos de seca e alta presença de mosca-branca, fatores que elevam custos e exigem manejo mais intenso. Isso deve resultar em forte redução de área cultivada, especialmente no Paraná e Rio Grande do Sul, atuando como fator de sustentação futura dos preços.

Exportações seguem sendo o principal suporte, com embarques crescentes para países vizinhos da América do Sul e Caribe, impulsionados pelo dólar valorizado e boa aceitação do feijão brasileiro. Entretanto, a dependência do mercado externo deixa o setor vulnerável a variações cambiais e logísticas.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio

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