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Produção estagnada, demanda doméstica aquecida e recorde de exportação, fazem preço do suíno reagir de forma consistente

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O IBGE publicou no último dia 13 os dados preliminares de abate de suínos, aves e bovinos do segundo trimestre de 2024. Como já era esperado, o abate de bovinos cresceu expressivos 20,5% no PRIMEIRO SEMESTRE de 2024 em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto a produção de frango e suínos praticamente se manteve (tabela 1). No caso do suíno, no acumulado dos seis meses a produção só cresceu 252 toneladas (0,01%) em relação ao ano passado, como houve pequeno aumento das exportações no período, a disponibilidade interna de carne suína caiu pouco mais de 3 mil toneladas (-0,14%). Um ponto que chama a atenção é que o consumo per capita ano estimado e projetado das três carnes somadas, ultrapassa os 100 kg, indicando que o mercado brasileiro de proteína animal está bastante aquecido.

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Tabela 1. Produção brasileira, exportação e disponibilidade interna mensais (em toneladas) das três carnes no primeiro semestre de 2023 e 2024. Dados do segundo trimestre/24 são preliminares. Volumes de exportação líquidos (descontados volumes importados). Consumo per capita ano projetado sobre a mesma população do ano passado. Elaborado por Iuri P. Machado com dados do IBGE e Secex.

Analisando o abate de suínos mês a mês (tabela 2), observa-se que nos meses de maio e junho tanto o número de cabeças, quanto o volume (toneladas) de carcaças reduziram em relação ao ano passado e aos meses anteriores.

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Tabela 2. Abate mensal de suínos no primeiro semestre de 2024, em cabeças e toneladas de carcaças, peso médio das carcaças e evolução percentual em relação ao mês anterior e ao mesmo mês do ano anterior.

Elaborado por Iuri P. Machado com dados do IBGE.

Quando se analisa o comportamento da produção no primeiro semestre de 2024 com o histórico dos últimos 10 anos (tabela 3), conclui-se que estamos diante de um quadro de estagnação da produção sem paralelo na história recente da suinocultura. Destaca-se que, neste período a produção mudou de patamar, crescendo mais de 50%, conquistando um espaço significativo na mesa do consumidor.

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Tabela 3. Abate semestral de 2015 e 2024 em toneladas de carcaças e cabeças de SUÍNOS e evolução percentual em relação ao período anterior e o mesmo período do ano anterior.

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Elaborado por Iuri P. Machado com dados do IBGE.

Se o mercado doméstico está ávido pela carne suína, com a exportação não é diferente. Julho de 2024 fechou com o maior volume exportado de carne suína brasileira da história para um só mês, com 119,3 mil toneladas de carne in natura (tabela 4), 27% a mais que julho de 2023 e 27,14% superior que junho/24. A última vez que os volumes de carne suína in natura embarcada ultrapassaram 100 mil toneladas foi em agosto de 2022.

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Tabela 4. Volumes exportados de carne suína brasileira in natura (em toneladas), mês a mês, em 2021, 2022, 2023 e 2024 e comparativo percentual de 2024 (de janeiro a julho) com o mesmo período do ano passado.

Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.

Embora no acumulado do ano a China ainda seja o principal destino de nossa carne suína (tabela 5), em julho/24, pela primeira vez desde que passou a ser o nosso maior parceiro, foi ultrapassada, com a as Filipinas assumindo a liderança no último mês (tabela 6). A China que já comprou mais de metade de nossas exportações, em julho/24, representou somente 14,9%. Além das Filipinas, outros importantes destinos asiáticos, como Japão e Singapura, junto com o Chile e México determinaram maior pulverização e o crescimento efetivo dos embarques em relação ao mesmo período do ano passado.

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Tabela 5. Principais destinos da carne suína brasileira in natura exportada entre JANEIRO E JULHO de 2024, comparado com o mesmo período de 2023, com valor em dólar (FOB).

Ordem dos países estabelecida sobre volumes de 2024.

Elaborado por Iuri P. Machado com dados da Secex

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Tabela 6. Principais destinos da carne suína brasileira in natura exportada em JULHO de 2024, com valor em dólar (FOB).

Elaborado por Iuri P. Machado com dados da Secex

Todo este cenário de exportações em alta e redução de oferta no mercado doméstico coincidiu com a alta significativa das cotações do suíno vivo (tabela 7) e das carcaças (gráfico 1) no mesmo período. Decorrida mais da metade do mês de agosto/24, observa-se que os preços continuam em viés de alta (tabela 7).

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Tabela 7. Preço da Bolsa de suínos Belo Horizonte (BSEMG) em cada semana do ano de 2024 (R$/kg vivo). Na legenda (cores) é possível verificar o destaque para alguns movimentos relevantes do mercado de suíno vivo

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Elaborado por Iuri Pinheiro Machado com dados da BSEMG

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Gráfico 1. Cotação da carcaça especial suína em São Paulo (SP), nos últimos 24 meses. Dados de agosto/24 até dia 14/08.

Fonte: CEPEA

Quando se compara o preço do quilograma da carcaça suína com as demais proteínas, observa-se que o porco perdeu competitividade em termos de preço, ou seja, se aproximou da carne bovina e se afastou da carne de frango (tabela 8). O quilograma de carcaça bovina que chegou a valer mais que o dobro da carcaça especial suína em 2021 e 2022, em meados de agosto deste ano está com diferença próxima a 30% apenas, o menor do ano. Por outro lado, o spread do suíno para o frango resfriado ultrapassou os 60%. É o mês de menor competitividade em termos de preço e, mesmo assim as cotações do suíno permanecem com viés de alta.

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Tabela 8. Spread em porcento (R$/kg de carcaça) do boi em relação ao suíno e do suíno em relação ao frango resfriado em São Paulo em 2021, 2022, 2023 e de janeiro a agosto de 2024.

Dados de agosto/24 até dia 14/08.

Elaborado por Iuri Pinheiro Machado com dados do CEPEA

Para o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, “Os dados de abate do IBGE referentes ao primeiro semestre só confirmam o que o mercado já sinalizava: está faltando suíno! O spread reduzido em relação ao preço da carne bovina e alto em relação a carne de frango, em outros tempos, seriam motivo de preocupação, pois significariam baixa competitividade no valor, porém, como o consumo de carne suína mudou de patamar no Brasil nos últimos anos a concorrência com as outras carnes está pesando menos que o efetivo balanço de oferta e procura da carne suína. Com o fim do ano se aproximando, custos relativamente estáveis e cotações em alta é hora de aproveitar o máximo potencial produtivo para suprir o apetite por carne suína do brasileiro e de nossos importadores”, conclui.

Fonte: ABCS

Fonte: Portal do Agronegócio

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Exportações de café ultrapassam US$ 1,28 bilhão em outubro, com alta no preço médio e queda no volume embarcado

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Faturamento com café não torrado passa de US$ 1,28 bilhão em outubro

O faturamento total das exportações de café não torrado atingiu US$ 1,285 bilhão nos 18 dias úteis de outubro de 2025, conforme dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) nesta terça-feira (28). No mesmo período do ano anterior, o total havia sido de US$ 1,307 bilhão, considerando 22 dias úteis.

Apesar da leve redução no volume total embarcado, o desempenho médio diário apresentou crescimento expressivo. Em outubro de 2025, a receita média por dia útil foi de US$ 71,394 milhões, avanço de 20,1% em relação à média de US$ 59,447 milhões registrada em outubro de 2024.

Volume exportado cai, mas valor do grão tem forte valorização

O volume total exportado de café não torrado na quarta semana de outubro/25 foi de 199,8 mil toneladas, contra 279,2 mil toneladas no mesmo mês do ano anterior. A média diária também apresentou retração de 12,5%, passando de 12,692 mil toneladas (out/24) para 11,100 mil toneladas (out/25).

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Mesmo com a queda no volume, o preço médio do café não torrado teve alta de 37,3% em relação ao mesmo mês de 2024, passando de US$ 4.683,70 para US$ 6.431,90 por tonelada. O movimento reforça a valorização do produto brasileiro no mercado internacional, sustentada pela demanda aquecida e menor oferta global.

Café torrado e derivados também registram crescimento na receita

O desempenho positivo também foi observado nas exportações de café torrado, extratos, essências e concentrados. O volume embarcado nesses 18 dias úteis de outubro/25 somou 8,057 mil toneladas, ligeiramente abaixo das 8,681 mil toneladas embarcadas em outubro/24.

Apesar da leve queda no volume, a média diária avançou 13,4%, alcançando 447 toneladas por dia, contra 394 toneladas no mesmo período do ano anterior.

O faturamento total das exportações de café torrado e derivados chegou a US$ 99,909 milhões, superando os US$ 89,194 milhões de outubro/24. A receita média diária aumentou 36,9%, passando de US$ 4,054 milhões para US$ 5,550 milhões.

Já o preço médio de venda teve valorização de 20,7%, saltando de US$ 10.273,80 em outubro/24 para US$ 12.399,30 em outubro/25, refletindo a forte demanda internacional por cafés industrializados brasileiros, especialmente nos mercados da Europa e da Ásia.

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Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio

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