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Erradicação do Mycoplasma hyopneumoniae: um salto para competitividade e sustentabilidade na suinocultura brasileira

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O Brasil destaca-se no cenário agropecuário mundial como o quarto maior produtor e exportador de carne suína. Livre de doenças virais de grande impacto, como a peste suína africana e a síndrome respiratória e reprodutiva suína (PRRS), a suinocultura nacional possui vantagens competitivas importantes. Contudo, ainda enfrenta desafios significativos, como a presença de doenças bacterianas que comprometem a lucratividade e a eficiência produtiva, entre elas, a pneumonia enzoótica, causada pelo Mycoplasma hyopneumoniae (MH).

De acordo com Heloiza Irtes, gerente regional de Serviços Veterinários para a América Latina da Topigs Norsvin, a pneumonia enzoótica representa um dos maiores desafios econômicos para os produtores. “O Mycoplasma hyopneumoniae é uma das principais causas de perdas na produção, comprometendo o ganho de peso dos animais e aumentando o tempo necessário para o abate”, explica. Para mitigar os impactos, os produtores precisam investir constantemente em tratamentos antimicrobianos, o que eleva os custos de produção e reduz a eficiência alimentar.

Além das perdas financeiras, a doença afeta diretamente a sustentabilidade ambiental da produção. Heloiza ressalta que a redução na eficiência produtiva resulta em maior emissão de CO₂ e maior consumo de recursos, como água, por quilo de carne produzida. “Isso aumenta a pressão sobre a sustentabilidade do setor, especialmente em momentos de instabilidade nos custos de insumos e nas demandas do mercado”, complementa.

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Os desafios impostos pela pneumonia enzoótica

Estudos apontam que entre 52% e 76% dos suínos abatidos no Brasil apresentam lesões pulmonares características da infecção por Mycoplasma hyopneumoniae. Essas lesões acarretam perdas significativas aos produtores, como aumento nos custos operacionais e redução na eficiência do ganho de peso dos animais.

Nos Estados Unidos, estimativas sugerem que os prejuízos variam de US$ 2,5 a US$ 4,4 por animal, dependendo da gravidade da infecção, com custos adicionais de até US$ 1,2 por suíno para tratamentos antimicrobianos. Heloiza destaca que, ao serem somados em ciclos de produção envolvendo milhares de animais, esses valores tornam-se expressivos e comprometem a competitividade dos produtores brasileiros.

Erradicação como solução sustentável e competitiva

A experiência internacional demonstra que a erradicação do Mycoplasma hyopneumoniae é uma estratégia viável e altamente vantajosa. Nos Estados Unidos e na Europa, programas de erradicação alcançam índices de sucesso entre 58% e 83%, melhorando a produtividade e reduzindo os custos associados à doença. Empresas como Smithfield Foods e Seaboard Foods já implementaram iniciativas semelhantes em regiões de alta densidade de produção suína, utilizando medidas rigorosas de biosseguridade e estratégias como o fechamento temporário de granjas para controle sanitário.

O processo de erradicação envolve a identificação de focos de infecção, vacinação, tratamento com antimicrobianos e uma desinfecção completa das instalações. Embora o programa demande investimentos significativos ao longo de cerca de oito meses, os benefícios superam os custos, garantindo maior eficiência e competitividade no longo prazo. “Esses custos são um investimento no futuro da suinocultura brasileira”, reforça Heloiza.

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Benefícios da erradicação no Brasil

A adoção de programas de erradicação pode colocar o Brasil em uma posição estratégica no mercado global. Granjas livres de Mycoplasma não apenas economizam em tratamentos médicos, mas também garantem uma produção mais sustentável e alinhada às exigências de mercados internacionais.

Além disso, a redução no uso de antimicrobianos e na pegada ambiental fortalece a imagem do Brasil como líder em práticas agropecuárias responsáveis. Contudo, o sucesso da estratégia depende de protocolos de biosseguridade robustos, incluindo controle rigoroso no transporte, manejo de animais e monitoramento das condições de acesso às granjas.

“Superar esses desafios é possível com foco e planejamento. A erradicação do Mycoplasma hyopneumoniae não é apenas uma alternativa, mas um investimento estratégico essencial para o futuro da suinocultura brasileira”, conclui Heloiza.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio

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Global Methane Hub lança fundo de US$ 30 milhões para reduzir emissões de metano no cultivo de arroz

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Fundo global vai financiar pesquisas para reduzir metano nas lavouras de arroz

O Global Methane Hub anunciou a criação de um fundo de US$ 30 milhões destinado a acelerar o desenvolvimento de tecnologias e práticas agrícolas voltadas à redução das emissões de metano no cultivo de arroz.

A iniciativa foi apresentada durante a Global CSA Conference, realizada nesta semana em Brasília, com organização da Clim-Eat, do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), do Ministério da Agricultura, Pesca, Segurança Alimentar e Natureza dos Países Baixos e da Universidade de Brasília (UnB).

Batizado de Acelerador de Inovação em Metano do Arroz, o programa tem como meta captar pelo menos US$ 100 milhões em recursos públicos e privados. O projeto já conta com o apoio de instituições internacionais como a Fundação Gates, Philanthropy Asia Alliance, Quadrature Climate Foundation e Temasek Life Sciences Laboratory.

Quatro frentes de pesquisa guiarão o desenvolvimento das soluções

O acelerador tem como objetivo ampliar as opções tecnológicas disponíveis para reduzir as emissões e melhorar a eficiência produtiva e hídrica da cultura do arroz.

Os investimentos se concentrarão em quatro áreas-chave de pesquisa:

  • Genética e fisiologia vegetal
  • Microbioma do solo
  • Agronomia
  • Medição de emissões
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A iniciativa prevê a criação de um roteiro de inovação que será lançado em 2026, com foco em desenvolver e validar soluções práticas para os diferentes sistemas de produção de arroz no mundo.

Arroz irrigado é responsável por 8% das emissões globais de metano

Atualmente, 90% das lavouras de arroz do planeta são cultivadas em áreas inundadas, condição que favorece a formação de bactérias produtoras de metano. Esse processo natural é responsável por 8% das emissões globais desse gás de efeito estufa e consome cerca de 40% de toda a água de irrigação utilizada na agricultura mundial.

Diante desse cenário, o programa tem como uma de suas prioridades estimular o cultivo de arroz aeróbico, produzido sem o alagamento das lavouras. Essa técnica, além de reduzir emissões, também diminui o consumo de água e aumenta a eficiência produtiva.

Brasil é referência em pesquisa e inovação no cultivo de arroz

O Brasil foi destacado como exemplo global na adoção de práticas sustentáveis e no desenvolvimento de tecnologias agrícolas. A Embrapa e diversas universidades brasileiras têm desempenhado papel central na pesquisa de sistemas de cultivo de arroz aeróbico de alto rendimento, integrados a rotações agrícolas economicamente viáveis e ambientalmente responsáveis.

“O Brasil está tendo grande sucesso em integrar o arroz aeróbico a sistemas de rotação, obtendo ganhos econômicos e ambientais. Isso está totalmente alinhado com a estratégia global que estamos construindo”, afirmou Hayden Montgomery, diretor do Programa de Agricultura do Global Methane Hub.

Redução do metano é essencial para segurança alimentar e ação climática

Segundo Montgomery, o metano é um gás de efeito estufa potente, mas de curta duração, e a sua redução é fundamental para conter o aquecimento global e garantir a segurança alimentar mundial.

“A transição para uma agricultura de baixas emissões é indispensável, mas ela não pode ocorrer às custas da produção de alimentos e dos meios de subsistência dos produtores”, destacou.

O novo acelerador vai complementar soluções de mitigação já existentes, como o método AWD (Alternate Wetting and Drying), desenvolvido pelo Instituto Internacional de Pesquisa do Arroz (IRRI), que reduz as emissões de metano entre 30% e 70% sem comprometer a produtividade.

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Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio

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